quarta-feira, 14 de março de 2018

Com amor, Simon | CRÍTICA

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"Com amor, Simon" é a adaptação para os cinemas do livro "Simon vs. a agenda do Homo Sapiens" da escritora americana Becky Albertalli. O filme, uma comédia romântica, apesar do tom leve traz uma responsabilidade de dar voz a um assunto pouco tratado nos filmes, que é a descoberta da homossexualidade na adolescência e a fase de se assumir para os amigos e para a família. 

Vamos acompanhar a história de Simon, um garoto com a vida totalmente normal, mas tem um detalhe: ele é gay e ninguém sabe. Simon começa a trocar emails com um colega de escola, o Blue, que recentemente se assumiu gay para a escola anonimamente e acaba se apaixonando por ele, mas nenhum dos dois sabe quem é o outro. A partir daí acompanhamos a jornada de Simon para descobrir quem é o garoto por quem se apaixonou pelos emails e o medo que sente de ser exposto antes que esteja preparado. 

O filme é voltado para o público jovem e ele acerta em cheio ao mostrar um tom leve a perspectiva de um jovem que tenta se encaixar e é totalmente real tratando assuntos delicados e que muitas vezes é tratado de uma forma pesada e sendo visto como tabu. Em Com amor, Simon isso não acontece, o roteiro de Isaac Aptaker e Elizabeth Berger é sutil ao tratar esses temas do cotidiano de uma forma aberta e mostrando a realidade, trazendo também alguns dramas e angustias clichês, mas aqui o principal é a pressão de ser gay e a angustia de como e quando contar para a família e para os amigos, mas apesar da grande carga emotiva que carrega o roteiro consegue lidar de uma forma leve mostrando que o jovem em nenhum momento tem vergonha de si ou medo da rejeição da família, é completamente o oposto porque ele está se descobrindo e quer fazer as coisas quando achar que deve e quando estiver totalmente preparado para isso. 


O elenco é outro fator crucial para o filme dar certo, é um elenco diversificado, divertido e faz com que os jovens se identifiquem com os acontecimentos mostrados no longa. Nick Robinson traz uma performance carismática, carregada de uma emoção que foi passada para o personagem excepcionalmente bem. Destaque para Jennifer Garner e Josh Duhamel que interpretam os pais do protagonista e cumprem o papel no quesito de emocionar o público. Um outro acerto do longa é a direção de Greg Berlanti, não tendo muitos exageros e de uma forma delicada cumpre o que promete e entrega uma comédia romântica fora dos padrões. 

O humor presente no filme está na medida certa e mescla perfeitamente com o drama e com um pequeno toque de suspense que a produção usou para prender a atenção do público em relação a identidade de Blue até o final do longa. Esse suspense usado, mesmo sendo pouco foi crucial para torna a adaptação divertida no ponto certo e de alguma forma faz com que o público sinta que está participando da história de Simon ao tentar, junto com ele, descobrir a identidade secreta de Blue. 

Quando o filme chega ao seu ápice em seu terceiro ato, a carga emocional se intensifica mostrando que o amor é genuíno e principalmente, puro. Com amor, Simon nos faz refletir também sobre a tolerância e compaixão. Mas como todo filme, o longa também traz alguns pontos negativos consigo mesmo que seja pouco, pecando ao tentar comparar a vida amorosa dos melhores amigos de Simon com a angustia que ele enfrenta durante todo o enredo. 



Com amor, Simon é um longa que carrega uma grande mensagem e vem positivamente para os jovens que lutam diariamente contra a opressão, a angustia e os pensamentos negativos de estar no armário na adolescência. Mostra também que esses jovens não precisam se sentir sozinhos e não precisam se envergonhar de quem são, o amor está aí para todo mundo e o mundo do cinema está cada vez mais corajoso ao retratar filmes com a temática LGBTQ de uma forma leve e totalmente voltado para o público jovem ao contrário de muito que retratam essa temática em filmes muito "cabeça" para os jovens e muitas vezes de uma forma pesada. 

É um filme importante para os jovens que se identificam com a história de Simon e mais importante ainda para os adultos, e pais de jovens LGBTQ, para que possam compreender essa angustia vivida pelos filhos. Vale a pena se assistido e levar para a vida a reflexão que o longa nos faz ter no decorrer da história. 

"Todo mundo merece uma grande história de amor". 

Nota:










Com amor, 

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